As Filipinas é um país exótico. Digo isso não só pelas suas praias maravilhosas, pela sua comida diferente ou pelo seu povo alegre, mas também pela forma de agir de seu presidente e moradores do país. O período de pandemia nos mostrou ainda mais o quanto esse povo depende do turismo e sofre com a pobreza e má administração. Decidimos, então, fazer um resumão com os principais fatos que aconteceram nas Filipinas desde o início da pandemia do coronavírus, quando o mundo inteiro teve seus planos adiados.

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Coronavírus nas Filipinas: situação mês a mês

Janeiro a Fevereiro

Foi em 30 de janeiro de 2020 que o país divulgou o primeiro caso interno de coronavírus. Antes disso, 18 outros países já haviam sido afetados, entre eles, Tailândia, Japão, Taiwan e outros países vizinhos das Filipinas. O primeiro caso de coronavírus nas Filipinas foi uma mulher chinesa que viajava pelo país. Em 25 de janeiro ela buscou tratamento médico por uma leve tosse e foi diagnosticada com o vírus no dia 30, mesma data em que OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou emergência em saúde pública de interesse internacional.

A OMS fez essa declaração buscando alertar todos os países do mundo a se protegerem e barrarem a expansão do vírus no mundo, além de reunir esforços para pesquisas científicas em relação a vacina e precauções necessárias. Mas, infelizmente, de início, o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, fez piadas com o vírus e disse que todos estavam se precipitando demais.

Ele prometeu à população que o coronavírus seria como o SARS e ia morrer sozinho. Ele ridicularizou a gravidade da situação e disse: “se realmente existe um vírus a solta por que o stress? Você deveria se internar num hospital pela sua loucura, não por coronavírus!”.

Com proporção avançada de disseminação do vírus no mundo, infelizmente, foi nas Filipinas que ocorreu a primeira morte por coronavírus fora da China no dia 2 de fevereiro de 2020. Isso serviu de alerta a outros países para tomarem medidas preventivas para tomar conta de sua população.

Muitos filipinos estavam maltratando os chineses que estavam morando ou visitando o país. O presidente, muito conhecido por ser “puxa saco” dos chineses, fez um pedido para que a população do país parasse de ser xenofóbica, o que seria algo sensato, se não fosse por interesses políticos. E assegurou que as fronteiras das Filipinas não iam ser fechadas para os chineses.

Curiosidades sobre o COVID-19 nas Filipinas

Março

Após um longo período de negação, o presidente do país iniciou seu plano preventivo fechando fronteiras com a China continental, Macau e Hong Kong. No dia 17 de março foi proclamado que as Filipinas estava em estado de calamidade que iria durar no mínimo seis meses.

Em estado de calamidade o governo das Filipinas distribuiu fundos para alguns grupos da população, controlou o preço de ítens essenciais e autorizou a importação de doações. O país recebeu doações dos Estados Unidos, China, Singapura e até do pequeno país Brunei. Os principais itens doados foram kits de teste e máscaras adequadas.

Uma curiosidade interessante é que as Filipinas foi o primeiro país do MUNDO a fechar as atividades de sua bolsa de valores, no dia 16 de março. Autoridades disseram que essa decisão foi tomada para proteger os funcionários que trabalham nesse setor, que foi abalado fortemente com a disseminação do vírus.

Quando os casos começaram a se espalhar, em março de 2020, uma das principais notícias relacionadas a coronavírus nas Filipinas era de uma família de brasileiros (pais e filho de 10 anos), que se encontrava infectada. A família ficou internada no hospital de Palawan.

Mas não foi somente essa família que sofreu com o primeiro surto de coronavírus no mundo. Diversos brasileiros e estrangeiros que estavam viajando pelo país tiveram seus voos de retorno cancelados. A solução para esse enorme problema foram voos de repatriação organizados pelos governos, para trazer brasileiros e estrangeiros de volta para casa, em segurança.

Mais de 100 brasileiros entraram em contato com a Embaixada do Brasil em Manila pedindo ajuda no início da pandemia. 75 retornaram ao Brasil em um voo de repatriação e os outros optaram por permanecer no país torcendo por dias melhores. Isso infelizmente não aconteceu tão rápido quanto esperavam e causou muita apreensão e nervosismo.

Notícias chocantes sobre a pandemia nas Filipinas

Abril

Em Abril foi confirmado que o coronavírus já havia chegado em todas as 17 regiões das Filipinas.

Como medida de prevenção, o presidente, em meados de abril, deu ordem às forças armadas para FUZILAR quem ousasse sair de sua casa após o toque de recolher. Neste período, carros da polícia passavam pelas ruas do país com uma sirene, que anunciava o lockdown exigido para toda a população.

O líder coleciona declarações polêmicas como essa e foi altamente criticado já que, mesmo com esta decisão, os casos de morte nas Filipinas já atingia cerca de 200 novos casos por dia.

No início de maio, o número de casos de coronavírus nas Filipinas era de 2,3 mil e praticamente todos eles descobertos nas três semanas anteriores.  Mesmo com o país em isolamento total desde 16 de março, já haviam 90 mortes confirmadas pelo vírus nas Filipinas.

A pobreza nas Filipinas é uma das principais causas da disseminação da doença. Grande parte da população vive em condições extremas, com a falta de saneamento básico e emprego. O governo se recusou a dar auxílio a população, que tem 11% do PIB representado pelo turismo. Isso causou uma revolta imensa no país.

Coronavírus nas Filipinas: situação mês a mês

Maio

Todo viajante que planeja viajar para as Filipinas deve saber que, de Junho a Outubro, o país enfrenta diversos problemas naturais. O país, que está na rota de tufões, tem índices altíssimos de desastres que acontecem anualmente neste período. E em 2020 não foi diferente.

No dia 14 de maio o tufão Vongfong atingiu o centro das Filipinas e forçou a evacuação de milhares de pessoas. Mesmo com um risco IMENSO de contágio pelo coronavírus, os moradores da região foram obrigados a se deslocar para abrigos. Para evitar uma disseminação acelerada do coronavírus, os abrigos estavam funcionando com somente metade da capacidade e as pessoas eram obrigadas a usar máscaras de proteção durante toda a estadia.

Com a necessidade de mais espaço para as pessoas evacuadas, os governantes pediram ajuda às igrejas para abrigar centenas de pessoas necessitadas. Para quem não sabe, as Filipinas é um país predominantemente católico e existem milhares de igrejas espalhadas pelo seu território.

Junho, Julho e Agosto

No sexto ano de 2020, quando o Brasil e Estados Unidos flexibilizaram ainda mais suas fronteiras para o turismo internacional, o presidente das Filipinas disse: “somos pobres! Não podemos arcar com uma crise maior da que já estamos vivendo. Bolsonaro e Trump são corajosos e tem dinheiro”.

O presidente, famoso pelas suas atitudes extremistas, fez um discurso digno de grandes líderes: “Peço que todos obedeçam o governo porque temos muito interesse que vocês não fiquem doentes ou, se ficarem, que vocês vão ficar bem e estar vivos para crescer, ver seus filhos crescerem e terem seus netos para amarem”.

Mas, o que poucos assumem é que, mesmo com a ordem de confinamento, muitos filipinos que moram em Manila em situações de pobreza absurda, tinham que sair nas ruas para conseguir seu sustento. Vimos relatos que muitas pessoas que perderam seus empregos, saíam nas ruas para implorar por ajuda e dinheiro!

Muitos moradores de Manila eram motoristas de jeepney ou trabalhavam com o turismo. Sem essa fonte de renda, nada mais os restou do que se arriscarem para pedir contribuições nas ruas.

Quase metade da força de trabalho das Filipinas sofreu com o desemprego e o país entrou em recessão pela primeira vez em 30 anos. Empresas aéreas como a Phillipine Airlines cortou cerca de 35% de seus funcionários.

E não foram somente os moradores das Filipinas que sofreram com a crise do coronavírus. Centenas de milhares de filipinos que moram no exterior também passaram dificuldades. Como contamos melhor neste post sobre curiosidades sobre as Filipinas, existem mais de 8 milhões de filipinos que migraram para países como Estados Unidos, Austrália, Singapura, China, Hong Kong e Espanha. Os filipinos geralmente trabalham em subempregos e, durante a pandemia, foram fortemente atingidos.

No início de agosto as Filipinas passou a marca de 10 mil casos de coronavírus tendo cerca de 2 mil novos casos por dia.

Flexibilização do lockdown nas Filipinas

Setembro

Em setembro de 2020 o Presidente das Filipinas estendeu o estado de calamidade para até setembro de 2021, ano seguinte.

A chamada fase intermediária de confinamento nas Filipinas, que começou em meados de setembro, ainda proibia a movimentação de pessoas menores de 21 e maiores de 60 anos (consideradas grupos de risco) e tinha toque de recolher das 20h às 05:00.

Lojas e empresas foram autorizadas a abrir com 30 a 50% da capacidade total e horários reduzidos. O motivo para tal flexibilização foi a reativação da economia que foi fortemente afetada pelo coronavírus.

Sabia que a quarentena em Manila foi a mais longa do MUNDO durante a pandemia do coronavírus? A cidade, que fechou suas fronteiras terrestres, aéreas e marítimas em março de 2020, começou a flexibilizar suas regras apenas em Setembro do mesmo ano. Foram seis meses e meio com somente farmácias e mercados funcionando em horários reduzidos.

Você deve ter lido em nosso post sobre curiosidades das Filipinas que Manila é uma das capitais mais populosas do mundo. São mais de 45 mil pessoas por quilômetro quadrado, número seis vezes maior que a capital de São Paulo. Neste lockdown, que durou quase o ano de 2020 inteiro, foram mais de 23 milhões de pessoas confinadas somente na capital do país! Manila é cheia de pessoas e, quando vimos imagens das ruas vazias, ficamos abismados. Parecia uma cidade fantasma, nada parecida com a alegre e movimentada cidade que visitamos por tantos dias.

Em setembro de 2020 uma notícia chocou os viajantes que planejavam visitar as Filipinas: o país planejava abrir suas fronteiras somente no segundo semestre de 2021, uma decisão precipitada e que gerou muitas discussões. O governo anunciou que iria incentivar o turismo interno em breve e, antes de aceitar viajantes de todo o mundo, ia preferir criar bolhas com países vizinhos com poucos casos confirmados. Considerando que estamos em Fevereiro de 2021 e nem metade da população mundial foi vacinada, agora nos parece uma decisão sensata.

Coronavírus nas Filipinas: situação mês a mês

Outubro, Novembro e Dezembro

Como prometido pelo governo, em Outubro de 2020, o turismo interno começou a ser incentivado em algumas partes do país. Boracay, uma das ilhas mais conhecidas das Filipinas e do mundo, foi uma delas. Somente moradores das ilhas vizinhas são autorizados a visitar esse paraíso e o teste de PCR negativo é obrigatório para entrar na ilha, além de diversas outras regras para prevenir a disseminação do vírus nas áreas menos afetadas.

Manila, como deve imaginar, está fora de cogitação para visitas! Já Baguio, uma cidade a pouco mais de 250km da capital, foi aberta para turistas filipinos. Esse é um lugar de veraneio onde muitos filipinos tem casas para curtir as férias e fins de semana.

No mês de Outubro, na capital do país com o processo de flexibilização, o transporte público já estava operando com 50% da capacidade e o toque de recolher, que antes começava ás 20h, passou a ser meia-noite. Diversos outros comércios foram autorizados a abrir suas portas, com exceção de parques públicos e locais de entretenimento que continuam fechados.

E o tufão Vongfong em maio não foi o único que deu o ar das graças nesse ano sofrido. Em novembro, o país que somava mais de 7.500 mortes pelo COVID-19, foi atingido pelo tufão Vamco que passou pela principal ilha das Filipinas, Luzon. Foram 11 mortes confirmadas, diversas pessoas desaparecidas e diversos alagamentos causados pela tempestade.

No final de dezembro foi anunciado que, infelizmente, a mutação do vírus de origem no Reino Unido já havia atingido as Filipinas.

Mesmo com uma quarentena rígida, Manila tem cerca de metade dos casos de coronavírus de todo o país. Filipinas e Indonésia são os países com mais casos em todo o Sudeste Asiático. No último dia do ano o país já somava 9.244 mortes por coronavírus.

Quando as fronteiras das Filipinas vão abrir?

Janeiro e Fevereiro de 2021

As Filipinas recebeu cerca de 8,2 milhões de turistas em 2019. Este número despencou em 2020 com a pandemia do coronavírus e o fechamento das fronteiras. Os viajantes que mais visitavam as Filipinas eram de países como China, Coréia do Sul e Estados Unidos, lugares com índices preocupantes de mortes pela doença.

Em Janeiro de 2021 as autoridades das Filipinas proibiram a entrada de turistas de nacionalidade ou oriundos dos seguintes países: Brasil, Portugal, África do Sul, Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, França, Hong Kong (RAE), Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Líbano, Países Baixos, Reino Unido, Singapura, Suécia, Suíça, Índia, Finlândia, Noruega e Jordânia. Estes são países com um índice altíssimo de contaminação.

Os turistas de outras nações devem se submeter a uma quarentena obrigatória e teste de PCR frequentes a custo total do viajante. A reabertura das fronteiras das Filipinas ainda não está programada pelas autoridades e muitos acreditam que terá início com bolhas combinadas entre os países vizinhos com menos casos.

A Reuters disponibiliza um gráfico interessantíssimo mostrando o status da abertura das fronteiras das Filipinas durante todo o período da pandemia:

Últimas notícias (estatísticas):

Números atuais de coronavírus nas Filipinas

Até hoje, dia 9 de Fevereiro de 2021, as Filipinas está relatando 1.789 novas infecções em média por dia e 37% do pico, a maior média diária desde 15 de agosto de 2020. Foram 537.310 infecções e 11.179 mortes que foram registradas por coronavírus nas Filipinas desde o começo da pandemia. O país teve o ápice de novas infecções em janeiro, com uma média de 4.000 por dia.

Vacina contra coronavírus

Logo quando a vacina russa chamada Sputnik foi comprovada eficaz, o governo das Filipinas anunciou que iria receber as vacinas totalmente financiadas pela Rússia. Mas, nos dias 14 e 18 de janeiro de 2021 foi assinado, pelo Departamento de Saúde das Filipinas o pedido de autorização emergencial para compra das vacinas das empresas Pfizer e AstraZeneca (Oxford).

Atualmente as Filipinas está em negociação com diversas empresas que irão providenciar a vacinação de sua população até meio de 2022. A expectativa é vacinar dois terços da população até final de 2021 e o restante até meados de 2022.

A vacinação no Sudeste Asiático está bastante lenta. Singapura e Vietnam serão os primeiros países a ter toda a população vacinada e tem prazo para final de 2021. Tailândia e Malásia, em sequência, esperam vacinar todos até início de 2022. Já os outros países mais pobres como Laos, Myanmar, Camboja e as Filipinas, países mais populosos dessa região, esperam demorar ao menos dois anos para vacinar todo seu povo.

Mas os países do Sudeste Asiático, com exceção de Indonésia e Filipinas, tem índices baixíssimos de contágio e mortes por coronavírus. Vietnam ficou em segundo lugar no ranking mundial de performance enquanto a Tailândia (4º), Singapura (13º), Malásia (16º) e Myanmar (24º) também tiveram colocações excelentes.

Fontes de informação:

• Department of Health
• Phillipines Travel Bureau
• Reuters
• Wikipedia
• Google News

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