O momento atual está bastante incerto para todos. São muitas as perguntas que recebemos sobre quando as Filipinas irá abrir para o turismo internacional e também como está a situação no país. É por isso que decidimos entrar em contato com Viviane Campos, uma brasileira que mora em Manila, a capital das Filipinas. Contamos a vocês no post mês a mês sobre o coronavírus nas Filipinas que Metro Manila teve um lockdown intenso e, por isso, o relato foi interessantíssimo para saber mais sobre sua rotina e como está a situação da pandemia nas Filipinas:
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Relato de brasileira e sua rotina durante a pandemia nas Filipinas
Um pouco sobre Viviane Campos:
1 – Me fala um pouquinho de você: o que faz nas Filipinas, há quanto tempo está morando no país e se curte morar em Manila
Eu me chamo Viviane Campos, tenho 36 anos, sou casada e mãe de dois filhos. No Brasil, eu era servidora pública e, no momento, estou licenciada e acompanhando meu marido que está trabalhando nas Filipinas.
Estamos nas Filipinas desde agosto de 2018. Quando viemos, eu tinha apenas um filho de 2 anos e meio. O segundo nasceu em meio à pandemia, em junho de 2020.
No geral, nós gostamos de morar em Manila. Apesar do trânsito intenso e do alto custo de vida, nós nos sentimos seguros aqui. Os filipinos são pessoas receptivas e a nossa adaptação aqui vem sendo muito boa.
Como foi viver em Manila durante a pandemia do coronavírus
2 – Metro Manila teve o lockdown mais longo do MUNDO. O que mudou na sua rotina com a quarentena?
A nossa rotina foi totalmente alterada. Primeiramente, meu filho teve suas aulas suspensas até agosto de 2020 e, de lá para cá, ele vem tendo aulas online. Meu marido trabalhou 100% de home office até o final de junho e, atualmente, ele trabalha de 2 a 3 dias na empresa e o restante de casa.
É obrigatório o uso de máscara e face shield. A nossa temperatura é conferida em todo estabelecimento comercial, inclusive para entrar no nosso condomínio.
Os passeios em família acabaram porque, no geral, não permitem a entrada de crianças nos shoppings, restaurantes e supermercados e em boa parte desse último ano também proibiram crianças de circularem nas ruas.
As viagens também foram suspensas, apenas possuidores de algumas categorias de vistos podem entrar no país, as viagens a turismo estão proibidas.
Até dentro do condomínio a rotina mudou. O uso da piscina bem como a permanência no parquinho somente são permitidos mediante agendamento, para evitar aglomeração.
O período mais rígido da quarentena foi até final de Julho de 2020 (veja mais detalhes no nosso post sobre o coronavírus nas Filipinas mês a mês). Nesse período houve muitas filas nos supermercados, o transporte público não funcionou e o comércio ficou fechado. Houve check points para limitar a entrada de pessoas nas cidades e a circulação de pessoas ficou extremamente restrita.
Até eu fiquei 2 meses sem fazer minhas consultas de pré natal porque não permitiam consultas de rotina no hospital onde eu vinha sendo atendida.
Coronavírus nas Filipinas
3 – Você teve coronavírus? Conhece alguma pessoa que teve?
Felizmente eu não contrai o coronavírus. Aqui nas Filipinas soube que o motorista do chefe do meu marido teve covid-19 e um dos seguranças do meu condomínio faleceu da doença.
No Brasil eu conheço várias pessoas que tiveram COVID-19, inclusive minha mãe e outros familiares e amigos. Infelizmente minha tia e meu ex-vizinho faleceram em decorrência do vírus.
4 – Como eram as suas visitas ao mercado durante a pandemia? E nas ruas? Teve alguma situação engraçada ou curiosa?
Bom, no início da pandemia eu estava grávida de 6 meses. As filas dos supermercados eram imensas, mas até o final de abril eu podia ir aos supermercados usando a fila preferencial. A partir de maio, eles proibiram a circulação de gestantes.
Dentro dos supermercados eles colocaram marcações no chão para as pessoas respeitarem o distanciamento social e também havia funcionários circulando nos corredores para assegurar que as pessoas estivessem mantendo o distanciamento social.
As ruas estavam desertas no período mais rígido da quarentena, mas atualmente o fluxo de pessoas e de veículos está relativamente normal.
5 – Houve falta de mantimentos nos mercados durante a pandemia? Como estava a situação e quantidade de itens nos mercados? As pessoas também estocaram comida em Manila?
Não houve falta de alimentos nas prateleiras mas, no período mais rígido da quarentena, houve limitação da compra de determinados itens por clientes. Água, leite e arroz principalmente. Nesse período as pessoas estocaram comida aqui em Manila, justamente pelo receio de faltar alimentos.
6 – Você pensou em algum momento pegar o voo de repatriação para o Brasil?
Em momento algum eu pensei em retornar para o Brasil nesse período. Primeiro porque aqui meu marido continuava trabalhando e nossa situação estava estável. Segundo porque o número de contaminados no Brasil estava bem superior ao das Filipinas.
Relato de brasileira e sua rotina durante a pandemia nas Filipinas
Expectativas no início da pandemia
7 – Quando houve a primeira morte fora da China nas Filipinas, qual foi o seu sentimento? Imaginou os acontecimentos futuros ou pensava positivo?
Eu não fiquei assustada com a primeira morte por COVID-19 fora da China nas Filipinas. Naquele momento eu sequer imaginava que esse vírus tomaria essas proporções mundiais.
Desde o início da quarentena eu sempre cumpri todos os protocolos impostos pelo governo, mas, te confesso que, em março de 2020, eu achava aquelas severas restrições um tremendo exagero.
8 – As pessoas respeitam os protocolos para evitar contaminação? Uso de máscaras e distanciamento
Pelo menos na região onde eu moro as pessoas respeitam sim. Seguem os protocolos, até porque há bastante monitoramento, mesmo dentro do condomínio nós somos monitorados.
O governo das Filipinas e o coronavírus
9 – O governo ofereceu auxílio aos filipinos? Não encontramos muitas informações sobre isso nem nos sites oficiais.
No início da quarentena eu ouvi dizer que o governo iria pagar um auxílio para aqueles que tiveram redução salarial. Mas, segundo relato dos poucos filipinos com quem eu conversei, o governo não deu auxílio a ninguém, alegando falta de recursos.
A única ajuda do governo (local, de Taguig) que eu vi foi a entrega de duas cestas básicas (mas BEM básicas) para as empregadas domésticas do meu condomínio.
Sobre a abertura das fronteiras das Filipinas para o turismo internacional
10 – O que a mídia interna fala sobre a reabertura das Filipinas para visitantes internacionais? O que o povo fala nas ruas sobre o fechamento do comércio e turismo?
Não acompanhamos as notícias passadas pela mídia local, apenas algumas notícias pelo site da ABS e CBN quando eles estão noticiando informações importantes com relação aos protocolos a serem adotados.
Temos poucos amigos locais, mas quando perguntamos alguma coisa sobre o fechamento do comércio, a resposta é que temos que seguir as recomendações ou que existe punição por parte do Governo, com aplicação de multas e até risco de prisão.
11 – Você acha que a maioria dos filipinos acredita que a pandemia e o vírus são perigosos ou eles ignoram tudo isso?
Com certeza eles temem o vírus! Na empresa que meu marido trabalha foi bem difícil convencer os funcionários a voltarem a trabalhar no escritório.
Todos temem muito o vírus pois, de acordo com algumas informações de amigos locais, na época do SARS, toda essa região (incluindo Filipinas) foi bastante afetada.
Relato de brasileira em Manila durante a pandemia
12 – Vimos muitos relatos de pessoas que, mesmo com o toque de recolher, iam para as ruas implorar por ajuda. Você viu algo relacionado a isso em alguma das suas saídas?
Não, não chegamos a presenciar nenhuma situação relacionada a isso e apenas podemos dizer que começamos a ver mais pessoas nas ruas pedindo dinheiro.
No bairro onde moramos é bem raro ver pessoas pedindo dinheiro na rua, mas começamos a ver uma ou outra pessoa pedindo dinheiro em nossas idas ao mercado.
13 – Você fez alguma viagem internacional ou pelas Filipinas desde março de 2020? Se sim, como foi? Se não, qual o principal motivo?
Fizemos apenas uma viagem local agora no mês de fevereiro de 2021 para Boracay. A burocracia para viajar é bem complicada, pois tivemos que fazer o teste de COVID-19 (PCR-Test) para os quatro membros da família e também tivemos que pedir autorização prévia antes do embarque.
Essa autorização prévia foi concedida pelo governo do local para onde estávamos viajando e foram exigidos vários documentos, como por exemplo:
1 – Cópia do resultado negativo PCR test de todos os membros da família
2 – Comprovante da reserva do Hotel
3 – Comprovante da declaração de saúde preenchida de forma eletrônica
4 – Cópia da passagem aérea ída e volta.
No aeroporto, o controle também é muito rígido. Nos foi solicitado a aprovação do destino e o QR code que é gerado por um aplicativo.
- Dicas sobre o que fazer em Boracay e onde ficar em uma das ilhas mais turísticas das Filipinas.
Relato de brasileira e sua rotina durante a pandemia nas Filipinas
14 – Você já voltou a trabalhar de forma presencial? Como foi esse recomeço?
Meu marido voltou a trabalhar no escritório de 2 a 3 dias por semana. Ele tem que seguir todos os protocolos de prevenção que engloba o uso das máscara e do face shield.
Ele me falou que o escritório funciona com sistema de rodízio e a ocupação do escritório é de aproximadamente 30% por dia.
15 – Qual é a sua expectativa de ser vacinada nas Filipinas? Quando?
Expectativa zero pois, até então, não existe um planejamento do país em vacinar a população.
Chegaram agora em fevereiro poucas vacinas que aparentemente serão distribuídas para as pessoas da saúde, mas não existe um planejamento a nível país de quando será iniciada a vacinação para as demais pessoas.
O governo das Filipinas e o COVID-19
16 – O que achou do discurso do presidente de atirar em qualquer um que furasse o toque de recolher? Qual a sua posição em relação ao governo das Filipinas? O que os locais falam da forma de governo?
Particularmente achamos muito radical dizer que vai atirar em alguém que descumprir o protocolo mas, talvez, a intenção fosse de mostrar que a situação era grave e que todos precisariam colaborar.
De acordo com as pessoas locais, essa declaração foi dada após alguns casos de pessoas que não aderiram ao protocolo solicitado pelo governo; não tenho como comentar se isso é verdade ou não.
É muito difícil opinar sobre o governo de Filipinas, pois pouco dependemos do governo local. A nossa dependência do governo de Filipinas é apenas para o visto de trabalho mas, com relação aos demais serviços, nossas interações são realmente bem limitadas e não temos como opinar. A questão de segurança é muito boa, mas a pobreza também é muito grande.
As pessoas locais tem opiniões divididas a respeito do Presidente das Filipinas. Algumas pessoas defendem, pois ele realmente controlou o aumento do crime e hoje todos estão mais seguros. Mas, em contrapartida, algumas pessoas não gostam da forma como o presidente lidera o país devido a forma autoritária.
Relato de brasileira e sua rotina durante a pandemia nas Filipinas
17 – O que a pandemia te ensinou?
Ser mais digital e globalizado ao mesmo tempo. Se reinventar pra fazer diferente as coisas que fazíamos antes. Que a liberdade vale muito!
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